Cada vez mais homens estão tentando ganhar alguns centímetros de altura com cirurgia que inclui quebrar o osso e pode cerca de R$ 370 mil
“As mulheres geralmente não namoram homens que são mais baixos do que elas. Às vezes a coisa mais difícil era sentir que não encontraria uma esposa.”
A frase é de Sam, um britânico de 30 anos que apostou em uma tendência de cirurgias estéticas para homens em países como Estados Unidos, Reino Unido e até Espanha: alongamento de pernas para aumentar a estatura. A operação invasiva consiste em quebrar o fêmur para ganhar alguns centímetros.
Sam destaca que, graças a uma operação, ganhou 8 centímetros de altura e passou de 1,62 metros para 1,70 metros em poucos meses.
“Sempre pensei que ser alto e ser bem-sucedido são fatores relacionados. É por isso que tive que encontrar minha própria solução”, disse ele à BBC.
A operação requer semanas de convalescença e um processo de recuperação durante o qual o paciente não consegue nem andar por meses.
Mas não é só isso — em alguns casos os homens pagam cerca de US$ 70 mil (aproximadamente R$ 370 mil) para ganhar alguns centímetros de altura.
“É uma operação dolorosa, que implica em um longo processo de recuperação porque uma parte do osso é mole, então você deve esperar para andar até que esse osso possa suportar o peso do corpo novamente”, disse à BBC Mundo o cirurgião Kevin Debiparshad.
Debiparshad chega a realizar até 50 cirurgias desse tipo por mês em seu consultório em Las Vegas, chamado LimbplastX Institute, onde diz ter notado um aumento na demanda de pacientes do sexo masculino.
“O tabu de que homens não fazem cirurgias estéticas está caindo. Essa operação em especial é uma que muitos homens procuram”, diz Debiparshad.
Mas nem sempre foi assim. Durante anos, especialmente em países orientais, como a China, muitas mulheres procuravam esse tipo de cirurgia. Agora, nos países ocidentais, os números indicam que este fenômeno está crescendo entre homens.
Polêmica
A cirurgia é polêmica.
Tanto a Associação Americana de Cirurgiões Plásticos quanto a Academia Americana de Ortopedistas apontam que a cirurgia de alongamento de pernas é um procedimento ortopédico para fins estéticos.
O pioneiro dessa técnica foi um cirurgião ortopédico soviético que inovou nos tratamentos de reabilitação para soldados mutilados durante a Segunda Guerra Mundial.
Seu nome era Gavril Ilizarov, um médico que durante seu tempo no campo de batalha percebeu — junto com experimentos que havia feito durante seus anos de estudante — que os ossos, especialmente o fêmur, tendiam a se expandir e “preencher” a lacuna entre duas partes quando sofria uma fratura.
Então Ilizarov desenvolveu uma técnica que consistia em quebrar o osso, mas sem comprometer a parte conhecida como periósteo (que é a parte externa do osso), separando-o um pouco e esperando que o próprio osso se encarregasse de ocupar o espaço que ficou no meio.
“Essa técnica evoluiu muito, mas na verdade a ideia inicial é a mesma: o que fazemos é com que o próprio osso preencha esse espaço e é aí que se ganha os centímetros extras que o paciente deseja”, explica Debiparshad.
Conforme explicam vários cirurgiões consultados pela BBC, o tratamento padrão é o seguinte: primeiro, é feito um furo nos ossos da perna, que depois são divididos em dois.
Em seguida, uma haste de metal é colocada cirurgicamente no osso e mantida no lugar por uma série de parafusos.