Há anos, os psicodélicos são estudados como possíveis tratamentos para graves problemas de saúde mental, como depressão resistente e estresse pós-traumático. Nos EUA, há a expectativa de que, nos próximos dois anos, sejam aprovadas terapias que usam microdoses de psilocibina (princípio ativo dos “cogumelos mágicos”) e MDMA (o ecstasy) para tratar as duas doenças, respectivamente. No Brasil, estes compostos só podem ser usados em estudos científicos controlados. No entanto, clínicas brasileiras já oferecem tratamentos com substância que provoca efeitos alucinógenos: a cetamina. Substâncias são consideradas psicodélicas quando promovem alterações de sentido — intensificando o estado sensorial, por exemplo, gerando visões de formas e padrões geométricos coloridos — e de emoção — resgatando memórias afetivas do inconsciente. A cetamina é um anestésico em uso desde a década de 1970. Apesar de não ser considerada uma substância psicodélica clássica, ela está classificada como um composto dissociativo, ou seja, é capaz de fazer com que os usuários se sintam fora de controle ou desconectados de seu corpo e do ambiente em que estão. “Com o uso da substância anestésica, percebeu-se que ela tinha também um efeito positivo no humor”, afirma Bruno Rasmussen, diretor-médico da Clínica Beneva, em São Paulo. “Estudos comprovaram essa melhora e hoje existem clínicas de cetamina aqui no Brasil e em vários lugares do mundo, principalmente nos Estados Unidos e Canadá, onde viraram uma grande onda”.