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Na segunda-feira, 12, assessores jurídicos da Americanas apresentaram ao Conselho de Administração um relatório em que afirmam que as demonstrações financeiras da vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior. A alegação foi baseada na análise de documentos entregues pelo comitê de investigação independente e por documentos complementares. Os assessores ainda identificaram esforços para ocultar do conselho e do mercado em geral a real situação de resultado e patrimonial da companhia. Estariam envolvidos na fraude o ex-CEO Miguel Gutierrez, os ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e os ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.

O relatório ainda revela que a diretoria anterior contratou uma série de financiamentos sem as devidas aprovações societárias. Segundo a avaliação dos assessores, a indevida contabilização dessas operações de financiamento nos demonstrativos financeiros da Americanas não permitiu a correta determinação do grau de endividamento da Companhia ao longo do tempo. “Também foram identificados lançamentos redutores da conta de fornecedores oriundos de juros sobre operações financeiras, que deveriam ter transitado pelo resultado da Companhia ao longo do tempo, totalizando, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$3,6 bilhões em 30 de setembro de 2022”, afirmou a companhia em comunicado ao mercado.

O relatório ainda esclareceu como ocorriam as fraudes. “Foram identificados diversos contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (“VPC”), incentivos comerciais usualmente utilizados no setor de varejo, que teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da Companhia como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores. Esses lançamentos, feitos durante um significativo período, atingiram, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022. As contrapartidas contábeis em balanço patrimonial desses contratos de VPC criados ao longo do tempo, os quais não tiveram lastro financeiro associado, se deram majoritariamente na forma de lançamentos redutores da conta de fornecedores, totalizando, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$17,7 bilhões em 30 de setembro de 2022. A diferença de R$4,0 bilhões teve como contrapartidas lançamentos contábeis em outras contas do ativo da Companhia”, esclareceu.

Marcello Marin, mestre em Governanças Corporativa e CFO da Spot Finanças, observa que a revelação muda um pouco o cenário da empresa, que agora enfrenta uma situação um pouco mais caótica. “Quando a gente fala de fraude, a gente vai buscar a responsabilização do fraudador. Nesse sentido, provavelmente a Americanas agora vai atrás do Miguel Gutierrez para que ele responda e seja responsabilizado por isso, inclusive com a cobrança de valores. Ele não vai ter como arcar com todo o prejuízo, mas ele terá que responder civil e criminalmente. Então, a gente pode ter novos desdobramentos bem interessantes nos próximos dias”, analisa. A crise da companhia começou em janeiro deste ano, após a descoberta de uma “inconsistência” contábil no balanço da companhia de R$ 20 bilhões.

Posteriormente, foram reveladas dívidas no valor de R$ 41 bilhões e lista de credores com mais de 8 mil nomes. Recentemente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acusou formalmente os ex-executivos da Americanas, Sérgio Rial e João Guerra Duarte Neto, por utilizarem informações privilegiadas para conseguir vantagens financeiras.

Fonte: JP Notícias
Foto: Reprodução

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