A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou hoje a autorização para uma nova série de pesquisas sobre a revolucionária terapia CAR-T no Brasil. Esse tratamento inovador utiliza as próprias células do paciente para combater o câncer, e tornou-se conhecido mundialmente após levar o paciente Paulo Peregrino, diagnosticado com câncer em estágio terminal, à remissão completa em apenas um mês.
A Anvisa deu luz verde para que a Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (FUNDHERP), em colaboração com o Instituto Butantan, conduza um amplo ensaio clínico da terapia CAR-T. Notavelmente, este é o mesmo grupo que supervisionou o tratamento bem-sucedido de Paulo Peregrino.
Os estudos estão atualmente em sua fase clínica inicial (fase 1/2) e têm como objetivo avaliar a segurança e eficácia da terapia no tratamento de pacientes com leucemia linfoide aguda B e linfoma não Hodgkin B. Os voluntários para a pesquisa são indivíduos que já esgotaram as opções de tratamento convencional, incluindo transplante de medula, sem obter resultados satisfatórios.
Plano de Ação: Tornar o Tratamento Acessível
A Anvisa também estabeleceu um plano de acompanhamento dos resultados desta pesquisa com CAR-T para coletar dados diretamente. Se os resultados obtidos até dezembro de 2024 forem promissores, o objetivo é autorizar o uso da técnica, oferecendo às pessoas uma opção de tratamento segura, eficaz e de alta qualidade através do Sistema Único de Saúde (SUS).
“A ciência global está avançando rapidamente para melhorar a qualidade de vida das pessoas em todo o mundo. A experiência recente no Brasil e no mundo tem mostrado que quando os pesquisadores e a Anvisa trabalham juntos desde o início, isso pode resultar em dados científicos melhores em termos de segurança, eficácia e qualidade. Isso, por sua vez, pode acelerar o acesso a novas tecnologias para as pessoas”, afirmou a Anvisa em comunicado à imprensa.
O Futuro da Terapia CAR-T
Atualmente, as pesquisas com CAR-T no Brasil estão focadas em cânceres sanguíneos, mas no resto do mundo, estudos também estão explorando o potencial da técnica em outros tipos de tumores.
“Em um futuro muito próximo, esse tipo de tratamento estará disponível para outros tipos de câncer. Já existem estudos semelhantes para cânceres de mama, estômago e intestino. Não tenho dúvidas de que a terapia celular é a nova fronteira no tratamento do câncer: é específica, age rapidamente, com eficácia e sem causar os efeitos colaterais dos tratamentos convencionais”, explicou o hematologista Dimas Covas.