Operação apreende maquinário industrial, rótulos falsos e grandes volumes de álcool etílico; investigação busca responsáveis por intoxicações e mortes.
A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta terça-feira (30), uma operação que resultou no fechamento de uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas em Americana (SP). Segundo o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), o local abrigava uma estrutura industrial voltada à adulteração e distribuição de produtos falsificados.
Durante a ação, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão. No imóvel, a polícia encontrou uma linha de produção completa, incluindo equipamentos para envase, rotulagem e selagem, além de milhares de rótulos falsos de marcas conhecidas. A investigação revelou um estoque estimado em 17 mil bebidas adulteradas prontas para venda.
A operação foi antecipada devido ao aumento recente de casos de intoxicação por metanol no estado. Embora não tenha sido identificado vestígio da substância tóxica na fábrica, foram apreendidos grandes volumes de álcool etílico de alta pureza — produto usado frequentemente para adulterar bebidas e enganar consumidores. Todo o maquinário foi recolhido para perícia. Até o momento, nenhum suspeito foi preso.
O caso ocorre em meio a uma onda de intoxicações por metanol na Região Metropolitana de São Paulo. Desde junho, seis casos foram confirmados, resultando em três mortes: um homem de 58 anos em São Bernardo do Campo, outro de 54 anos na capital paulista e um terceiro de 45 anos, cuja cidade ainda é investigada. Outros dez casos seguem sob apuração.
Em nota, a Prefeitura de São Bernardo do Campo informou que a vítima de 58 anos faleceu em 24 de setembro após atendimento hospitalar. A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo confirmou que o paciente da capital apresentou sintomas em 9 de setembro e morreu seis dias depois.
Na última sexta-feira (26), o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou que nove casos de intoxicação por metanol foram registrados em apenas 25 dias no estado, todos ligados ao consumo de bebidas adulteradas.
O metanol é um álcool altamente tóxico que, em concentrações elevadas, provoca graves danos ao sistema nervoso e pode levar à morte. De aparência e odor semelhantes ao etanol, é difícil de identificar pelo consumidor final, aumentando o risco de intoxicação.
As investigações seguem para identificar os responsáveis pela fábrica clandestina em Americana e suas possíveis ligações com as intoxicações e mortes registradas. A Polícia Civil não descarta novas prisões nos próximos dias.