Investigação revela que imóvel em Florencio Varela foi preparado antecipadamente para o crime; ação foi transmitida ao vivo em rede social como mensagem do tráfico.
O destino de Brenda del Castillo, 20 anos, Morena Verdi, 20, e Lara Gutiérrez, 15, foi selado antes mesmo de elas embarcarem, na noite de 19 de setembro, em La Matanza, na periferia de Buenos Aires. Segundo reportagem do jornal argentino Clarín, a casa onde seriam brutalmente torturadas e mortas foi preparada 24 horas antes do crime, com covas abertas no quintal para receber os corpos.
As jovens foram atraídas com a promessa de receber US$ 300 para participar de uma “festa”. A proposta, irresistível para quem vivia em situação de vulnerabilidade, era uma armadilha montada por subordinados de um traficante conhecido como “Little J” ou “Julito”, apontado como chefe de uma organização criminosa que controla pontos de venda de drogas na capital argentina e no subúrbio sul.
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que as três entraram voluntariamente em uma caminhonete Chevrolet Tracker branca com placa adulterada. O rastreamento de celulares indicou que o veículo percorreu diversos bairros da capital até chegar a Florencio Varela, onde ficava a chamada “casa do terror”.
De acordo com o Clarín, os proprietários da residência foram obrigados pelos criminosos a entregar o imóvel um dia antes. Na sexta-feira (19/9), pistoleiros cavaram um grande buraco no quintal para ocultar os corpos após o massacre.
Assim que chegaram, as vítimas foram amarradas, amordaçadas e submetidas a sessões de tortura extrema. Lara teve cinco dedos amputados e uma orelha cortada antes de ser degolada. Brenda foi esfaqueada no pescoço, espancada no rosto e morta com um golpe que esmagou seu crânio. Morena sofreu fraturas e morreu após ter o pescoço quebrado.
Toda a ação foi transmitida ao vivo no Instagram para cerca de 45 integrantes de um grupo fechado da facção criminosa, numa demonstração de força e intimidação. Um dos executores afirmou: “Isso acontece com quem rouba minhas drogas”.
Após o crime, os corpos foram enterrados nas covas previamente abertas, enrolados em cobertores, pedras e cimento, numa tentativa de ocultar evidências.
A quadrilha acreditava ter eliminado provas, mas um erro foi decisivo: o último sinal de celular de Lara foi rastreado até Florencio Varela, permitindo que a polícia chegasse à casa. No local, encontraram vestígios de sangue e a cova recém-remexida.
Até o momento, 12 pessoas foram presas, incluindo proprietários da casa e membros da quadrilha. A principal linha de investigação aponta que o triplo homicídio foi um recado do tráfico, possivelmente motivado pelo roubo de drogas ou dinheiro da organização.