Líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, Maria Bernadete Pacífico foi assassinada na noite da última quinta-feira (17/8). Ela foi executada a tiros após ter sido feita de refém em seu terreiro, na cidade goiana de Simão Filho. Diversas personalidades e instituições repudiaram o caso. Entre eles, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania (MDH), Silvio Almeida, e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).
Mãe Bernadete, de 72 anos, além de yalorixá e liderança quilombola, já foi secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho, na Bahia. Ainda nesta sexta-feira (18/8) uma comitiva de integrantes dos ministérios de Igualdade Racial, Justiça e Direitos Humanos deve chegar à Bahia para se reunir com autoridades. O governador da Bahia pediu que a investigação sobre o caso fosse feito imediatamente pelas polícias Militar e Civil.
A presidente do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), Sheila Carvalho, também lamentou o ocorrido, e ressaltou que Maria Bernadete também era uma das maiores lideranças negras do país. A deputada federal Dandara Tonantzin (PT) considerou a perda dolorosa e revoltante. O instituto Marielle Franco considerou que o episódio “escancara a perversidade do país”.
Veja:
Ontem à noite uma das maiores lideranças negras brasileiras foi brutalmente assassinada. Mãe Bernadete era Coordenadora Nacional da CONAQ e liderança quilombola do Quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia. Um ato de extremismo da violência política e intolerância religiosa. pic.twitter.com/GeQzR2gJj1
Mãe Bernadete, liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia, foi executada dentro de casa hoje. Há quase seis anos, ela também perdeu seu filho, outra liderança, assassinado por defender o território quilombola. Perda dolorosa e revoltante. Queremos resposta! Justiça já! pic.twitter.com/FOepYMkCKC
— Dandara Tonantzin (@todandara) August 18, 2023
Entenda o caso
A yalorixá Maria Bernadete foi assassinada seis anos após a morte de seu filho, o ex-candidato a vereador do município de Simões Filho, Binho do Quilombo, como era conhecido Flávio Gabriel Pacífico dos Santos.
“Mãe Bernadete foi insidiosamente executada na noite desta quinta-feira (17/8). Era mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos (Binho do Quilombo), liderança quilombola da comunidade Pitanga dos Palmares, também assassinado há seis anos. O assassinato de Binho, como o de tantas outras lideranças quilombolas, continua sem resposta e sem justiça”, ressalta a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), em nota. “A Conaq exige que o Estado brasileiro tome medidas imediatas para a proteção das lideranças do Quilombo de Pitanga de Palmares.
É dever do Estado garantir que haja uma investigação célere e eficaz, e que os responsáveis pelos crimes que têm vitimado as lideranças desse Quilombo sejam devidamente responsabilizados”, continuou a nota da coordenação.
O coordenador da Conaq, Denildo Rodrigues, inclusive explicou que líderes de terreiros e comunidades quilombolas costumam receber ameaças constantes. “Ela sabia e a Justiça sabia que quem mandou matar Binho estava lá, perto da comunidade. Só que não deu nada. Ela nunca ficou quieta. Agora foi silenciada. Muito triste para nós”, afirmou para a Agência Brasil.
Fonte: Metrópoles
Foto: Reprodução