No que pensamos antes de morrer? O momento ainda é um mistério para a ciência, mas pesquisadores da NYU Grossman School of Medicine e da NYU Langone Health, ambas nos Estados Unidos, descobriram que pacientes com parada cardíaca têm lembranças de toda a vida enquanto estão sendo reanimados.
A pesquisa foi publicada nesta quinta (14/9) na revista científica Resuscitation. “Este é o primeiro estudo grande a mostrar que essas lembranças e mudanças nas ondas cerebrais podem ser sinais de elementos universais partilhados nas chamadas experiências de quase morte”, afirma um dos autores, o professor Sam Parnia, da NYU Langone Health, em comunicado à imprensa.
O estudo analisou 567 pacientes que sofreram paradas cardíacas enquanto internados entre maio de 2017 e março de 2020 nos Estados Unidos e Reino Unido. Entre eles, 85 foram monitorados via eletroencefalografia para verificar as ondas cerebrais enquanto eram reanimados. Quatro em cada dez pacientes relataram ter passado por alguma experiência no período.
Segundo os autores do estudo, os participantes disseram ter se sentido mais presentes no momento e ter experimentado experiências lúcidas. Alguns tiveram uma percepção de separação do corpo, onde observaram os esforços de ressuscitação sem dor ou estresse, e puderam fazer uma avaliação de suas ações e relacionamentos.
Um paciente disse ter sentido seu peito sendo esfregado durante a ressuscitação. Três tiveram experiências semelhantes a sonhos. Alguns contaram sentir a manobra de reanimação cardiorrespiratória. Uma pessoa disse ter escutado a avó falecida dizendo-lhe para voltar ao corpo, outras sentiram que estavam sendo levadas para um destino que consideravam seu lar.
As principais reações em pacientes reanimados foram:
Avaliação da vida, como ver memórias e avaliar como trataram outras pessoas;
Sensação de “ir para outro destino”;
Ter conhecimento de que está passando por uma manobra de reanimação cardiorrespiratória;
Estar ciente das atividades em terapia intensiva após a RCP;
Os pesquisadores acreditam que quando o cérebro está morrendo, remove o sistema de inibição natural e o paciente tem acesso a uma “nova dimensão da realidade”, quando lembra de memórias lúcidas desde a primeira infância.
“Apesar de os médicos acharem há muito tempo que o cérebro sofre danos permanentes 10 minutos depois que o coração para de fornecer oxigênio, nosso trabalho descobriu que o órgão pode mostrar sinais elétricos durante o processo de reanimação cardíaca”, explica Parnia.
Entre os pacientes que participaram do estudo, apenas 10% se recuperaram o suficiente para receber alta.
Fonte: Metrópoles
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