A Federação de futebol americana exibiu a bandeira do Irã em suas contas oficiais sem o emblema da República Islâmica.
O futebol ultrapassa as quatro linhas. Nesta terça-feira, 29/11, Estados Unidos e Irã se enfrentam em uma partida decisiva do Grupo B. Ambos os times dependem do resultado para classificar para a fase de mata-mata. Além da disputa esportiva, está em jogo a antiga inimizade dos dois países e o recente pedido do Irã de expulsão dos EUA da Copa do Mundo Qatar 2022.
A Federação de Futebol dos Estados Unidos mudou a bandeira do Irã em suas plataformas de mídia social, em apoio aos manifestantes no país. A bandeira que foi exibida temporariamente estava sem o emblema da República Islâmica.
A imagem foi exibida nas contas oficiais da Federação no Twitter, Instagram e Facebook.
Os iranianos protestam em todo o país há quase um mês e enfrentam forte repressão das forças de segurança nacionais. As manifestações começaram no dia 13 de setembro, quando uma mulher foi morta pela polícia da moralidade na capital.
Mahsa Amini supostamente violou a regra islâmica de cobrir os cabelos com o hijab (véu tradicional) e os deixou amostra.
Pessoas relataram que Amini, de apenas 22 anos, foi agredida com golpes de cassetete na cabeça. A polícia iraniana alega que ela teve uma parada cardíaca na delegacia.
Vídeos divulgados na internet mostram mulheres queimando seus lenços de cabeça e cortando seus cabelos em público ao som de gritos de “Mulher, vida, liberdade” e “Morte ao ditador” — uma referência ao líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.
O gesto americano foi um ato de protesto contra o governo do aiatolá.
Em correspondência com a CNN, a Federação Americana US Soccer disse que queria mudar a bandeira oficial por 24 horas para mostrar “apoio às mulheres no Irã que lutam pelos direitos humanos básicos”.
A Federação comentou também que o plano sempre foi voltar à bandeira original. A mudança “foi um gráfico único”, disse o US Soccer à CNN.
“Temos o banner principal em nosso site e em outros lugares”.
O emblema da República Islâmica está de volta à bandeira nas redes sociais do US Soccer.
A mídia estatal do Irã noticiou que os Estados Unidos deveriam ser imediatamente expulsos do torneio e suspensos por 10 jogos por causa de uma “imagem distorcida” da bandeira do país.
“Ao postar uma imagem distorcida da bandeira da República Islâmica do Irã em sua conta oficial, o time de futebol dos EUA violou o estatuto da Fifa, portanto uma suspensão de 10 jogos é a sanção apropriada.”
A Fifa ainda não se posicionou sobre o ocorrido.
É muito mais que futebol!
Muito além da vaga às Oitavas de Final, a partida coloca em campo a relação conturbada entre os dois países.
Desde a década de 80, as relações entre os países estão estremecidas. Durante a Revolução Islâmica no Irã, manifestantes invadiram a embaixada americana do país e fizeram diplomatas e cidadãos de reféns por mais de um ano.
Os americanos responderam cortando relações diplomáticas e fazendo embargos econômicos ao Irã.
Em 2015, um cenário de melhora era vislumbrado. Os Estados Unidos ofereceram o fim do embargo em troca da suspensão do programa nuclear iraniano. A situação piorou outra vez, em 2020 forças americanas bombardearam o aeroporto de Bagdá e mataram dois dos mais importantes líderes das forças armadas iranianas.
Muito mais que 22 atletas buscando o melhor para sua nação, este jogo coloca a disputa histórica em perspectiva.
A seleção do Irã está em 2º no grupo, com uma vitória e uma derrota. Já os EUA, estão na terceira posição com dois empates. Os dois times disputam uma vaga nas Oitavas de Final.
fonte:Brasilparalelo