O PhD em finanças, Alan Ghani, comentou as expectativas a respeito da chegada do petista, que toma posse nesta segunda-feira, 6.
Nesta segunda-feira, 6, Aloizio Mercadante toma posse como novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O ex-ministro do governo de Dilma Rousseff e coordenador do programa de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será agora o responsável pela oferta de crédito para o setor produtivo. Para falar sobre as expectativas para o novo comando do banco, o PhD em finanças e economista-chefe da Sarainvest, Alan Ghani. O especialista declarou que o mercado financeiro tem certo receio com o novo comando do BNDES. “O Mercadante representa aquela ala que os economistas chamam de desenvolvimentista, onde o Estado acaba tendo um papel muito forte na busca do crescimento econômico. Uma das formas seria a utilização dos bancos públicos, dando crédito barato e crédito subsidiado, com taxas de juros menores do que as praticadas pelo mercado, para tentar estimular o consumo e o investimento.”
“Acontece que os economistas de mercado não gostam muito dessa fórmula. No passado, ela foi testada durante o governo Dilma, no segundo mandato do governo Lula, e não deu certo. Muitas empresas quebraram, o crescimento não veio de uma forma significativa e gerou um custo fiscal, porque esse empréstimo é pago pela sociedade”, argumentou Ghani. O economista ainda destacou que o intuito original do banco público seria fomentar pequenos empresários. “Quando o BNDES foi criado, a ideia inicial era fornecer crédito justamente para os pequenos e microempresários, que têm mais dificuldade de pegar crédito no banco. Ou ele vai pegar numa taxa muito alta, ou não vai pegar no volume que quer, pois tem uma restrição de capital. Então, vamos colocar um banco público, com taxas subsidiadas, para ajudar esse pequeno ou microempresário e, de alguma forma, gerar emprego e isso ser revertido para a sociedade. O que é muito importante, a gente está pagando por esse subsídio.”
Para o economista, grandes empresas deveriam recorrer aos bancos privados para realizar seus empréstimos. Ele defende que a atual política prejudica as pequenas empresas, que necessitam de subsídios públicos: “O BNDES se tornou tão grande que hoje, mais ou menos, a carteira de crédito dele é composta por grandes empresas, por gigantes, ditos ‘campeões nacionais’, uma expressão que o pessoal usava bastante. O problema é que essas empresas são justamente aquelas que têm poder de barganha com os bancos, elas não precisam do BNDES. Por terem acesso ao governo, lobby no governo, excelentes advogados e consultores, elas acabam tomando esse dinheiro do BNDES. Essa fórmula pune principalmente a parte mais frágil, o pequeno empresário, o microempresário. Muitas vezes eles não têm recursos e acabam sendo prejudicados. Acaba sendo uma visão até muito elitista você usar esse banco público e privilegiar principalmente os mais ricos”.
O PhD em Finanças também argumenta que o BNDES não deveria ceder empréstimos para obras de infraestrutura em países estrangeiros, como foi feito nos governos petistas: “O que é mais importante? A gente financiar uma obra aqui no Brasil ou lá no exterior?”, questiona. “Eu vejo que a gente está pagando para a Argentina, Venezuela, como já foi no passado, para Cuba, e muitas vezes, o que é pior, esses países não pagam de volta. Tem uma série de devedores, começando por Venezuela, Cuba, Angola. E a gente não recebe esse dinheiro de volta. Essa ideia de que vai gerar toda uma infraestrutura e ajudar a população brasileira é bastante falaciosa. Na verdade, nós, contribuintes, estamos pagando esse empréstimo mais barato para regimes muitas vezes não democráticos, ditatoriais. E esse dinheiro não vem de volta para a sociedade”.
Fonte: JP Notícias