“Ninguém sabe o que fazer.” A frase é de Inas Hamdan, oficial da agência de refugiados palestinos da ONU na Cidade de Gaza, em alusão à ordem das Forças de Defesa de Israel para que habitantes no norte do território fujam para o sul em 24 horas.
Hamdan relata que a situação na cidade se tornou um “caos”: as pessoas pegam tudo o que podem e fogem. “Esqueça a comida, esqueça a eletricidade, esqueça o combustível. A única preocupação agora é se você vai sobreviver, se vai viver“, afirmou Nebal Farsakh, porta-voz do Crescente Vermelho Palestino na Cidade de Gaza.
Farsakh diz que é impossível evacuar 1,1 milhão de pessoas (número estimado de cidadãos ao norte da região), com segurança, dentro de 24 horas. Como exemplo, o porta-voz citou inúmeros médicos e pacientes que se encontram em hospitais neste momento.
A expectativa é que Israel, além dos bombardeios aéreos, promova uma invasão terrestre em uma das áreas mais densamente povoadas da Faixa de Gaza, após o massacre contra civis promovido pelo grupo extremista Hamas desde o último sábado (7/10).
A confusão é ainda maior porque a autoridade do Hamas para os Assuntos dos Refugiados afirmou que os habitantes do norte devem “permanecer firmes nas suas casas e permanecer firmes ante esta repugnante guerra psicológica travada pela ocupação”. Com colapso das linhas telefônicas, indisponibilidade de internet na maior parte do tempo e falta de energia, os cidadãos não sabem como se informar com segurança.
“Até agora, as pessoas acreditam que isto é uma espécie de guerra psicológica, não querem acreditar”, afirmou Safwat al-Kahlout, repórter da rede Al Jazeera. “Em termos práticos, 1,1 milhões de pessoas não têm instalações suficientes para se deslocarem. Como poderão deslocar-se? Burros? Eles não têm burros suficientes. Carros? Não há carros suficientes. Não há combustível para os veículos circularem há sete dias”, acrescentou al-Kahlout ao site.
Pela “segurança” dos civis da Cidade de Gaza
O aviso dos militares israelenses foi direcionado a funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU), civis que ocupam abrigos da ONU e civis em geral. No comunicado, as Forças de Defesa dizem que a saída deve ser feita para “segurança” dos próprios cidadãos, porque Israel planeja “operar significativamente na Cidade de Gaza”.
“Vocês só poderão retornar à Cidade de Gaza quando for feito outro anúncio permitindo isso. Não se aproxime da área da cerca de segurança com o Estado de Israel”, continua o texto israelense.
“Vocês só poderão retornar à Cidade de Gaza quando for feito outro anúncio permitindo isso. Não se aproxime da área da cerca de segurança com o Estado de Israel”, continua o texto israelense.
Fonte: Metrópoles
Foto: Reprodução