Ao menos oito pessoas morreram atropeladas e 10 ficaram feridas no domingo, 7, na cidade de Brownville, Texas, nos Estados Unidos. O caso aconteceu na frente do Centro Ozanam, um abrigo para desabrigados e migrantes muito ativo nas últimas semanas devido ao grande fluxo de migrantes que atravessam a fronteira pelo México. O atropelamento está sendo tratado como um incidente no momento, porém, uma testemunha disse que antes de atropelar o grupo de 25 pessoas, integrado apenas por venezuelanos, o motorista gritou insultos contra o ele antes de acelerar o veículo. “Uma mulher passou de carro e nos avisou para sairmos do caminho”, disse. “Foi uma questão de segundos. O assassino veio com o carro, gesticulando para nós, insultando, dizendo coisas como ‘motherfucker’ (filho da puta), não sei, coisas assim que eu não entendo”, contou Luis Herrera, uma das vítimas.
“Recebemos uma ligação sobre uma SUV cinza que ultrapassou o sinal vermelho e atropelou várias pessoas. Confirmamos que sete pessoas morreram, e outras foram levadas para o hospital”, declarou Martin Sandoval, porta-voz da polícia de Brownsville, uma cidade no extremo-sul do estado. O policial disse que as pessoas aguardavam em um ponto de ônibus quando foram atropeladas. “O motorista do veículo foi detido, está sob custódia, mas o levamos para o hospital porque teve diversos ferimentos”, afirmou o porta-voz. O homem será processado por direção temerária, mas também pode receber outras acusações, segundo a polícia.
O governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu uma investigação sobre o atropelamento, que matou vários cidadãos do país. “A Venezuela pede às autoridades americanas (…) para investigar de maneira profunda os fatos e esclarecer suas causas, com o objetivo de descartar quaisquer intenções relacionadas às práticas de ódio e xenofobia”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado, que não revela o número de migrantes do país mortos no atropelamento. Em uma nota, o bispo de Brownsville, Daniel Flores, afirmou que as vítimas fatais eram “homens imigrantes da Venezuela” e pediu que a população “resista à tendência corrosiva de desvalorizar a vida dos imigrantes, dos pobres e dos vulneráveis”. O incidente ocorreu no momento em que o governo dos Estados Unidos se prepara para suspender uma medida conhecida como “Título 42”.
Essa política foi adotada durante a pandemia da Covid-19 e permitiu que agentes das patrulhas de fronteira deportassem ou rejeitassem a entrada dos migrantes sem sequer examinar os pedidos de asilo. O fim da norma na próxima quinta-feira, 11, provoca o temor, entre as autoridades, de um aumento do número de migrantes que entram ilegalmente no sul dos Estados Unidos. O Centro Ozanam permanece aberto 24 horas, acrescentou Maldonado. Segundo o diretor-executivo, o local recebe pessoas que migraram do Chile, Colômbia, Equador, China, Ucrânia e Venezuela.
Fonte: JP Notícias
Foto: AFP