Um funcionário do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Vale do Javari e um auxiliar foram amarrados e assaltados por piratas, na quinta-feira (23), próximo à sede do município de Atalaia do Norte (AM). Os criminosos levaram motores de embarcações e mais de 3 mil litros de combustível.
O município abriga a maior parte da reserva Vale do Javari, segundo maior território indígena do país e marcada por conflitos como tráfico de drogas e pesca ilegal. Uma comitiva do governo federal deve desembarcar na região na segunda (27) para discutir a segurança na região.
Em depoimento à Polícia Civil, as duas vítimas informaram que foram abordados pelos criminosos na região conhecida como Lago Sacambu. Eles contaram que foram amarrados e vendados pelos criminosos, e obrigados a ficar em uma área de mata na margem do território peruano.
De acordo com a coordenação do DSEI Vale do Javari, os piratas roubaram dois motores, uma embarcação e 3.630 litros de combustíveis. A gasolina estava sendo transportada de Tabatinga para ser utilizada em ações da DSEI na Base Ituí, na reserva indígena, onde um grupo de indígena de recente contato recebe assistência médica.
O delegado Alex Perez confirmou que o caso já está sob investigação. Entretanto, ainda não há informações sobre o paradeiros dos criminosos.
Comitiva do governo federal no Vale do Javari
A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) vai reunir, na segunda-feira (27), integrantes do governo federal na próxima semana. Segundo a Univaja, o principal objetivo da assembleia é justamente a consolidação das forças de segurança para garantir a proteção dos direitos indígenas, socioambientais e também de servidores que atuam na fiscalização do território.
Estão confirmados representantes do Ministério dos Povos Indígenas, Funai, Ibama, Sesai, Polícia Federal, PRF, Ministério da Justiça, Força Nacional, Ministério Público Federal e Ministério Direitos Humanos.
Em junho de 2022, os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, ocorrido na região, causaram repercussão internacional. As investigações apontaram que os dois foram mortos em virtude do combate à pesca ilegal na região.
“O resgate da presença do Estado visa assumir o compromisso com o enfrentamento ao crime organizado e a retomada das investigações sobre as mortes registradas no território, bem como a celeridade das investigações de ameaças contra defensores socioambientais, a partir da elaboração de plano integrado operacional […]”, disse a organização.
Também será anunciada a doação de um Posto de atendimento móvel fluvial pela Univaja para a Sesai, que fará atendimento de saúde ao povo Korubo.
Fonte: G1 Amazonas