Funcionários de mercado em Borba eram pressionados a vender mercadorias vencidas sob risco de demissão ou desconto salarial; polícia apreendeu alimentos e munições em operação
Otílio Tadeu Linhares Júnior, proprietário de um mercado no município de Borba (a 151 km de Manaus), foi preso suspeito de envolvimento em esquema de crimes contra consumidores. Durante ação policial, foram apreendidas diversas mercadorias vencidas, além de munições de calibres variados, chumbo e pólvora, que estavam na posse da família do comerciante.
Segundo o delegado Jorge Arcanjo, da 74ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Borba, as investigações começaram após quatro ex-funcionários do estabelecimento serem presos por furto mediante fraude e estelionato, em denúncias feitas pelo próprio dono do mercado.
“As apurações revelaram que os funcionários eram vítimas de coação e assédio moral sistemático, sendo obrigados a vender produtos impróprios para consumo sob ameaça de demissão ou desconto salarial. Esse esquema tinha como objetivo proteger o comércio, mesmo que isso colocasse em risco a saúde dos consumidores”, explicou o delegado.

Entre as irregularidades, estavam a manipulação de prazos de validade, recolocação de produtos vencidos nas prateleiras, uso de sal para disfarçar odor de carnes deterioradas, reaproveitamento de arroz peneirado e lavagem de macarrão para remover fungos.
Mais de 30 funcionários prestaram depoimento, confirmando as práticas ilícitas e o envolvimento da mãe do comerciante, Cléria Maria Angeleti Linhares, de 66 anos, que também foi indiciada por posse ilegal de armas e munições apreendidas na operação.
Além disso, foi constatada a inserção de códigos de produtos vencidos nas notas fiscais de clientes, especialmente idosos, para alcançar metas internas e justificar o estoque. Um caminhão carregado com mercadorias vencidas e falsificadas foi apreendido e será inspecionado pela Vigilância Sanitária.

Otílio Tadeu foi liberado em audiência de custódia, mas seguirá respondendo ao processo em liberdade, com medidas cautelares. As investigações continuam para identificar outros envolvidos e avaliar os danos causados aos consumidores da região.