O evento reuniu mais de 50 representantes de empresas e instituições da França e do Brasil, com a proposta de fomentar parcerias na área da bioeconomia
A construção de uma agenda global voltada à bioeconomia e ao desenvolvimento sustentável tem incentivado conexões internacionais entre ecossistemas de inovação. Um exemplo dessa articulação foi a missão francesa que passou por Manaus com o objetivo de aproximar empresas inovadoras da França de startups e instituições amazônicas. Em formato de seminário e rodadas de pitching, o encontro foi promovido na sede da Fundação Desembargador Paulo Feitoza (FPFtech), em parceria com a aceleradora Axcell, a WIT Incubadora Tecnológica e a agência Business France, como parte de uma agenda Pré-COP30.
O evento, que reuniu mais de 50 representantes de empresas e instituições da França e do Brasil, teve como proposta central fomentar parcerias na área da bioeconomia, especialmente em soluções que integrem sustentabilidade, tecnologia e impacto social. Startups amazônicas puderam apresentar seus cases, fazer networking com a delegação estrangeira e discutir possibilidades de cooperação em pesquisa, formação e negócios.
“Estamos aqui gerando várias conexões com startups da França, startups nacionais, com as nossas startups locais. É um ambiente muito rico, de muita troca”, avaliou Rafael Teodósio, coordenador da WIT Incubadora Tecnológica. “Tudo isso para trazer mais oportunidades e gerar conexão dentro do nosso ecossistema. É um grande objetivo da WIT: fazer a ponte com iniciativas internacionais”, salientou Teodósio, que adiantou que as conexões geradas devem atrair novas comitivas da França e de outros países.
Daniel Fontana, diretor de estratégia e portfólio da Axcell, destacou o potencial transformador da bioeconomia e o papel da inovação na Amazônia. “Temos negócios incríveis ligados à foodtechs, cosméticos, energia sustentável, todos ancorados na biodiversidade da floresta e no propósito de criar soluções sustentáveis. O encontro cria laços e sinergias para que nossos negócios cheguem à Europa, mas também para que possamos receber os colegas franceses em um ambiente de colaboração”, afirmou.
A missão contou com o suporte da Business France, agência oficial do governo francês responsável por fomentar negócios internacionais. “O nosso trabalho é criar laços, e é isso que estamos fazendo aqui. Promovemos esse seminário franco-brasileiro de bioeconomia, ou melhor dizendo, de sociobioeconomia, como aprendemos aqui na Amazônia. O evento superou nossas expectativas e temos certeza de que novas iniciativas nascerão a partir dessas conexões”, disse André Rios, diretor da área de agronegócios da agência.
Segundo ele, o contato direto com as realidades amazônicas foi essencial para compreender as múltiplas “Amazônias” e os diferentes contextos culturais e produtivos. “A gente sai dessa missão com muito mais conhecimento. Entendemos que não se pode falar da Amazônia em uma só palavra. Por isso, vamos levar essa lição e até mesmo rebatizar as próximas edições da missão com o nome de sociobioeconomia. Esse é só o pontapé inicial de uma jornada de longo prazo”, completou Rios.

Já para Cláudia Ramos, representante internacional do polo de inovação francês Vegepolys Valley, o encontro reforçou ainda mais o propósito internacional da iniciativa. “Nosso objetivo é promover inovação colaborativa entre setor privado, pesquisa e formação. Queremos acompanhar as empresas francesas em parcerias com atores brasileiros, inclusive ajudando a formar novos polos de inovação fora da França, como já fizemos no Chile”, explicou.

Com 20 anos de experiência e mais de 650 membros, a Vegepolys Valley tem como prioridade a América Latina e trouxe ao evento empresas que atuam com soluções agrícolas sustentáveis e uso de insumos naturais. “Estamos vendo o real potencial do Brasil como fonte de inovação. As empresas que vieram estão se impregnando da cultura local e percebendo oportunidades além do que imaginavam. Isso quebra estereótipos e aproxima de fato França e Brasil”, avaliou Ramos.
Uma dessas empresas foi a FarmLeap, especializada em soluções para rastreabilidade e pegada de carbono na exportação de grãos. “Ficamos impressionados com a comunidade de tecnologia que está se desenvolvendo na região da Amazônia. Conhecemos empresas brasileiras com propostas muito conectadas ao nosso trabalho, e acreditamos que será possível facilitar suas operações no mercado europeu com base nas regulamentações ambientais”, comentou Anael Bibard, representante da startup.
Uma das responsáveis por apresentar a FPFtech para a delegação francesa, Olinda Canhoto, analista de negócios da incubadora WIT, destacou que o evento foi uma oportunidade estratégica para mostrar o ecossistema de inovação local. “A bioeconomia é o ponto central da delegação francesa e é também uma das frentes mais relevantes em desenvolvimento aqui. A troca foi muito rica, pois eles puderam conhecer o tipo de negócio que se desenvolve na região, e nós tivemos acesso a tecnologias e possibilidades de investimento internacionais. Existe um edital aberto, inclusive, com recursos para projetos de sustentabilidade”, adiantou Olinda Canhoto.
A missão em Manaus faz parte de uma rota mais ampla, que inclui também visitas técnicas e reuniões em outras regiões da Amazônia Legal, com foco na articulação de projetos conjuntos e no fortalecimento de políticas binacionais voltadas à inovação sustentável. Como destacou André Rios, da Business France, “a COP30 será um marco, mas o mais importante será o pós-COP, onde essas conexões se consolidarão e gerarão frutos concretos”.
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