Primeiro boi a se apresentar no Bumbódromo, neste sábado (28), é o Boi Caprichoso, seguido do Boi Garantido. Cada bumbá terá até 2h30min para fazer o seu espetáculo.
O Bumbódromo de Parintins volta a ser palco de emoções neste sábado (28), com a segunda noite do 58º Festival Folclórico da Ilha Tupinambarana. Depois de um espetáculo de abertura marcado por beleza, ancestralidade e resistência, Caprichoso e Garantido retornam à arena para mais uma noite de disputa.
Neste ano, o Caprichoso apresenta o tema “É tempo de retomada” enquanto Garantido leva à arena o tema “Boi do povo, boi do povão”. A partir do tema escolhido, os bois montam uma apresentação para cada noite, com um subtema diferente.
Na primeira noite, o Boi Garantido exaltou os povos originários e a diversidade étnica e cultural da Amazônia, enquanto o Caprichoso levantou o público com a força de suas raízes afro-amazônicas e a defesa das culturas ancestrais.
Boi Caprichoso

O Boi Caprichoso volta à arena como símbolo da resistência preta amazônica. Em um discurso em primeira pessoa, o boi azul se reconhece como fruto da luta do povo negro da floresta, dos quilombos, das religiões de matriz africana e da memória dos que resistiram ao apagamento cultural.
Na arena, o Caprichoso se apresenta como o “Boi Negro de Parintins”, um boi forjado na dor, mas também no amor e na esperança. Com homenagens às tradições afro-amazônicas, aos orixás e às comunidades que mantêm viva a fé e os saberes ancestrais, o boi azul transforma a arena em um grande manifesto de orgulho e resistência.
A apresentação traz para o festival a potência das vozes silenciadas e mostra que a memória não se apaga, ela se fortalece na arte, na toada e no batuque.
Boi Garantido

Do outro lado, o Boi Garantido leva para a arena as origens populares que o consagraram como símbolo do povo simples da Amazônia. Com o tema “Boi do povo, boi do povão”, o boi vermelho relembra sua história forjada na Baixa de Xanda e São José, territórios de resistência de negros, indígenas, pescadores e trabalhadores.
Filho do mestre afro-indígena Lindolfo Monteverde, o Garantido é o boi da fé popular, das rezadeiras, das lutas sociais e da cultura que nasce da margem e conquista o centro da arena.
De acordo com a agremiação, ser perreché é transformar preconceito em orgulho, é erguer a bandeira do povo simples e mostrar que o Garantido é, acima de tudo, o patrimônio cultural de quem resiste e acredita.
A histórica disputa entre o Boi Garantido (vermelho) e o Boi Caprichoso (azul) chega à 58ª edição em 2025, em Parintins.
A expectativa é que mais de 120 mil turistas desembarquem na ilha para acompanhar o Festival Folclórico de Parintins, reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil.
Para embalar os temas, cada boi lança anualmente um álbum com cerca de 20 toadas, as músicas que expressam o enredo da apresentação. Durante o festival, as agremiações podem usar tanto toadas do álbum atual quanto de anos anteriores.
Cada boi tem entre 2 horas e 2h30 para se apresentar. Enquanto um se exibe, a torcida do outro — chamada de galera — deve permanecer em silêncio. Qualquer manifestação pode gerar penalização.
O espetáculo é complexo e avaliado em 21 quesitos, que incluem itens tradicionais, artísticos e técnicos.
A apresentação também conta com personagens folclóricos como Pai Francisco, Mãe Catirina e Gazumbá, que não são julgados.
Os quesitos são divididos em três blocos:
Bloco A: itens comuns e musicais
Bloco B: cenografia e coreografia
Bloco C: parte artística
Vence o festival o boi que somar mais pontos ao final das três noites, em uma apuração realizada no dia seguinte às apresentações.
Informações: G1 AM