Queda de mais de 50% nas ações, perdas bilionárias e indicadores operacionais em deterioração acendem alerta sobre possível colapso da operadora no Amazonas.
A crise financeira da Hapvida, uma das maiores operadoras de saúde do país, atingiu um nível que já gera preocupação direta no Amazonas. Mais de 300 mil usuários no estado — entre eles cerca de 100 mil servidores públicos estaduais e municipais — podem enfrentar instabilidade no atendimento caso o cenário da empresa continue se agravando.
Nas últimas semanas, a companhia viveu um dos piores momentos de sua história recente. As ações despencaram mais de 50%, resultando em uma perda superior a R$ 9 bilhões em valor de mercado. A taxa de aluguel dos papéis ultrapassou 39% ao ano, uma das maiores da B3, sinalizando forte desconfiança do mercado sobre a capacidade de recuperação da operadora.
Impacto direto no Amazonas
Segundo dados do setor de saúde suplementar, cerca de 300 mil pessoas dependem exclusivamente da rede Hapvida no estado. O grupo inclui servidores públicos de diversas secretarias, o que transforma a crise da empresa em um problema regional de grande escala. Caso a situação se agrave, consultas, exames, internações e cirurgias podem ser afetadas.
Resultados operacionais em deterioração
Relatórios financeiros recentes apontam para um quadro preocupante. Entre os indicadores negativos estão:
- Gastos superiores à capacidade de pagamento;
- Consumo acelerado de caixa;
- Resultados operacionais instáveis;
- Sinistralidade de 75,2% — patamar considerado insustentável por especialistas.
Analistas afirmam que o cenário não representa apenas uma oscilação temporária, mas um risco real de continuidade, especialmente em contratos de grande porte como os firmados no Amazonas.
Postura da liderança gera críticas
A condução da crise pela diretoria da empresa também tem sido alvo de questionamentos. O CEO Jorge Pinheiro, que recebe mais de R$ 60 milhões por ano, atribuiu parte das perdas à “sazonalidade de gripes”, fator considerado previsível na região Norte. A declaração foi mal recebida por investidores e usuários. A teleconferência de resultados terminou com o executivo enviando “beijos” ao público, gesto interpretado como falta de seriedade diante da situação.
Silêncio de autoridades preocupa
Mesmo com a gravidade do cenário, não há até o momento mobilização expressiva de entidades, órgãos de controle ou representantes do poder público no Amazonas. Também não há anúncios de revisão contratual ou apresentação de planos de contingência para assegurar atendimento aos milhares de dependentes da rede.
Especialistas classificam o silêncio institucional como um agravante, considerando que mais de 300 mil pessoas podem ser afetadas.
Alerta aceso
Com perdas bilionárias, ações em queda brusca e indicadores operacionais em deterioração, analistas apontam que a situação da Hapvida é grave. Para o Amazonas, o risco é imediato: a continuidade do atendimento a centenas de milhares de usuários — incluindo grande parte do funcionalismo público — depende de respostas rápidas e coordenadas.
A crise coloca o tema entre os mais sensíveis da saúde suplementar regional e exige atenção urgente das autoridades e da sociedade.

