Presidente brasileiro pediu fim de tarifas e da aplicação da Lei Magnitsky a autoridades; encontro durou 40 minutos e não abordou a situação de Jair Bolsonaro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniram na madrugada deste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). Segundo o governo brasileiro, o encontro de aproximadamente 40 minutos ocorreu em “tom descontraído”, com diálogo “franco e colaborativo”, e teve como foco principal as tarifas aplicadas pelos EUA sobre produtos brasileiros e sanções a autoridades brasileiras.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, Lula solicitou o fim das tarifas de até 50% impostas sobre importações brasileiras e a suspensão da aplicação da Lei Magnitsky a autoridades brasileiras, como ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Trump, por sua vez, indicou que as negociações entre os países devem começar imediatamente. “Tudo tem que ser resolvido em pouco tempo”, afirmou Vieira.
Em postagem na rede social X, Lula disse que as negociações sobre tarifas e sanções terão início “imediatamente”. “Tive uma ótima reunião com o presidente Trump. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções”, afirmou.
Segundo o governo brasileiro, a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro não foi discutida durante a reunião. Antes do encontro, Trump disse à imprensa que se sentia mal pelo que Bolsonaro passou, mas afirmou que o tema não estava na pauta. “Não há motivo para conflito entre o Brasil e EUA”, disse Lula.
O secretário-executivo do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Márcio Elias Rosa, que acompanhou a reunião, explicou que o presidente brasileiro mencionou a aplicação das sanções a ministros do STF como um exemplo da injustiça da medida. O ex-presidente foi condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, e alguns ministros tiveram vistos cancelados e bloqueios financeiros nos EUA.
O encontro faz parte de uma série de contatos bilaterais entre os dois países iniciados após a breve reunião na Assembleia Geral da ONU, em setembro, e uma videoconferência em 6 de outubro. Segundo Vieira, a reunião foi “muito produtiva, num clima excelente de descontração e troca de ideias”.
Apesar do clima positivo, sinais de divergência persistem. Durante a semana que antecedeu a reunião, Trump defendeu a tarifa sobre a carne brasileira como forma de proteger pecuaristas americanos, enquanto Lula reforçou a importância de alternativas ao dólar no comércio global.
A expectativa agora é que as equipes técnicas de Brasil e Estados Unidos se reúnam ainda neste domingo para definir os próximos passos das negociações comerciais e discutir a suspensão temporária das tarifas. Trump também indicou interesse em realizar uma visita oficial ao Brasil.

