Movimento em defesa dos direitos das mulheres classifica discurso como “inaceitável, criminoso e covarde” e exige retratação pública diante de cenário alarmante de violência de gênero no Amazonas.
Manaus (AM) — A Virada Feminina do Amazonas emitiu nota de repúdio às declarações da vereadora Elizabeth Maciel (Borba-AM), que, durante sessão na Câmara Municipal, afirmou ser “a favor da violência contra a mulher” e disse que “há mulheres que merecem apanhar”.
O movimento, que atua nacionalmente no combate à violência de gênero e na defesa dos direitos das mulheres, classificou o discurso como “inaceitável, criminoso e covarde”. Em nota oficial, a entidade destacou que é inadmissível que uma parlamentar use a tribuna para reforçar discursos machistas e legitimar agressões contra mulheres.
“O uso da tribuna deve servir para defender pautas voltadas ao combate à violência doméstica, ao apoio de mulheres em situação de vulnerabilidade social, ao empoderamento feminino e à garantia de direitos, jamais para destilar ódio e retroceder nas lutas históricas travadas por tantas mulheres”, afirmou Cileide Moussallem, presidente da Virada Feminina no Amazonas e coordenadora da Região Norte.
Violência de gênero no Amazonas
Os dados nacionais e regionais são alarmantes. No Brasil, estima-se que 35 mulheres sofram violência a cada minuto, e uma em cada quatro brasileiras com mais de 16 anos já tenha sido vítima de agressão. No Amazonas, somente em 2024 foram registrados 39.669 casos de violência doméstica, além de 16.451 denúncias pelo Ligue 180 — aumento de 17% em relação ao ano anterior.
Para a Virada Feminina, esses números reforçam a necessidade urgente de representantes comprometidos com a proteção da vida das mulheres.
Retratação exigida
A entidade cobra retratação imediata da vereadora e providências dos órgãos competentes, qualificando as declarações como um ato de irresponsabilidade política e social. “Declarar que existe mulher que ‘merece apanhar’ é abrir espaço para que o machismo e a violência continuem acontecendo e ceifando vidas. Seguiremos incansáveis na luta contra a violência de gênero”, concluiu a nota.