Investigações apuram possível manuseio irregular de documentos confidenciais; Bolton rompeu com o ex-presidente em 2019 e tornou-se crítico da gestão republicana
O Departamento Federal de Investigação (FBI) realizou, nesta sexta-feira (22), buscas na casa e no escritório de John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional do então presidente Donald Trump. A operação faz parte de uma investigação sobre possível manuseio indevido de documentos confidenciais.
Bolton, que deixou o governo em 2019 após divergências com Trump, tornou-se um dos críticos mais contundentes do ex-presidente. Ainda não está claro o que motivou a abertura do inquérito seis anos após sua saída da Casa Branca.
Em 2020, o ex-conselheiro publicou o livro The Room Where It Happened (“A Sala Onde Aconteceu”), no qual detalhou bastidores da administração Trump e criticou a condução da política externa, sobretudo em relação à Coreia do Norte. À época, o Departamento de Justiça investigou se a obra trazia informações sigilosas, mas o caso foi encerrado já no governo Biden.
Questionado pela imprensa, Trump disse ter tomado conhecimento da operação pela televisão. Ele classificou Bolton como “pouco inteligente” e sugeriu que o ex-auxiliar poderia ser “um cara muito antipatriota”. Porta-vozes do Departamento de Justiça não se pronunciaram, mas o diretor do FBI, Kash Patel — aliado de Trump — escreveu em rede social: “NINGUÉM está acima da lei… agentes do FBI em missão”. A procuradora-geral Pam Bondi reforçou: “A segurança dos Estados Unidos não é negociável. A justiça será buscada. Sempre.”
Até a publicação desta reportagem, Bolton não havia sido formalmente acusado de nenhum crime.
Quem é John Bolton
Formado em artes e doutor em direito por Yale, Bolton construiu uma longa carreira no serviço público americano. Iniciou sua trajetória política nos anos 1980, durante o governo Ronald Reagan, e ocupou cargos estratégicos nas gestões de George H. W. Bush e George W. Bush, além de ter atuado como embaixador dos EUA na ONU entre 2005 e 2006.
Em abril de 2018, foi nomeado por Donald Trump para chefiar o Conselho de Segurança Nacional, cargo que ocupou até setembro de 2019, quando deixou o governo em meio a divergências internas.