Dois helicópteros das polícias Civil e Militar foram atingidos por tiros durante uma operação conjunta na manhã desta segunda-feira. Por conta dos disparos, as aeronaves precisaram fazer um pouso de emergência no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio. O caso aconteceu durante a ação que conta com mil agentes e tem em vista o cumprimento de cem mandados de prisão contra integrantes da maior facção criminosa do estado. Segundo o secretário de Polícia Civil, José Renato Torres, o pouso faz parte de um protocolo para a avaliação do dano causado. Um policial civil foi atingido por estilhaços.
— Nossa tripulação é extremamente técnica. Seguindo o protocolo, elas são obrigadas a pousar para avaliar o dano causado. [Neste momento] estão sendo avaliadas se voltarão a voar — afirmou o secretário de Polícia Civil, José Renato Torres, durante coletiva de imprensa nesta manhã.
Um policial ficou ferido quando a aeronave da Polícia Civil foi atacado a tiros. De acordo com o governo do estado, o agente foi atingido por estilhaços e não corre risco de vida.
— Nos tivemos confronto intenso na Vila Cruzeiro. Poder bélico muito grande dos traficantes daquela região, um confronto intenso, muito pesado, onde nossas aeronaves foram atingidas — disse o secretário da Polícia Militar, o coronel Luiz Henrique Pires, que definiu a Vila Cruzeiro como uma localidade de “poder bélico muito grande”.
Seguro de R$ 24 milhões
Neste ano, em apenas uma semana, dois helicópteros das polícias Militar e Civil já foram atingidos: um em 17 de março, na Cidade de Deus; outro no Salgueiro, em São Gonçalo, no dia 23.
Os episódios demonstram o que as forças de segurança enfrentam no dia a dia diante do crescente poder bélico de traficantes e milicianos. Não por acaso, as duas polícias estaduais têm a previsão de gastar R$ 24 milhões este ano com seguros de sete aeronaves blindadas. Todos os contratos têm cláusulas de guerra, condições especiais mais comuns em países em conflito, como a Rússia e a Ucrânia.
A apólice com cláusula de guerra cobre, além dos reparos constantes — com reposição de peças e equipamentos danificados por tiros —, acidentes decorrentes de operações policiais. A presença crescente de armas de grosso calibre nos arsenais do crime organizado justifica essa precaução. Conforme o GLOBO revelou, no primeiro trimestre deste ano, só a PM apreendeu 170 fuzis, número superior ao recolhido pela polícia paulista em 2022: 110.
O valor gasto com o seguro é quase equivalente à compra de novos veículos blindados nos últimos dois anos.
— Os blindados são equipamentos de defesa que transportam os policiais de forma segura. Investimos quase R$ 25 milhões na compra de blindados terrestres para as polícias e em duas ambulâncias blindadas para a PM — disse à época o governador Cláudio Castro.
‘Ninguém ficará impune’
Mil agentes das polícias Militar e Civil participam da operação simultânea em três comunidades do Rio: o Complexo da Maré e da Vila Cruzeiro, na Zona Norte da capital, e Cidade de Deus, na Zona Oeste. As regiões são controladas pela mesma facção criminosa envolvida nas mortes de três médicos num quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, na madrugada da última quinta-feira. As equipes visam a cumprir cem mandados de prisão.
— Todos os integrantes dessa facção criminosa que têm mandado de prisão são alvos dessa operação. A atividade de inteligência, ao longo desse tempo que foi anunciada a Operação Maré, detectou a migração dessa organização criminosa para outras comunidades, reduto deles também. Então, decidimos aumentar o escopo de atuação com a Vila Cruzeiro e a Vila do João — afirmou o secretário de Polícia Civil, José Renato Torres.
Ele afirmou que “ninguém ficará impune”:
— Não temos predileção por ninguém, todos serão atacados da mesma forma e na mesma intensidade.
De acordo com as primeiras informações, atuam na operação homens dos batalhões de Operações Especiais (Bope), de Polícia de Choque e da Coordenadoria de Operações Especiais (Core). Sobre as aeronaves atingidas, Torres dizem que elas passam por uma avaliação.
— Nossas aeronaves estão preparadas. Nossa tripulação é extremamente técnica e, seguindo o protocolo, elas são obrigadas a pousar para avaliar o dano causado. As aeronaves estão sendo avaliadas para saber se voltarão a voar — disse.
O secretário de Polícia Civil afirmou que o diferencial dessas ações que acontecem nesta segunda é o uso de “muita tecnologia”. Os agentes usam drones para fazer o mapeamento das regiões onde as equipes atuam.
— O governador Claudio Castro investiu pesado em tecnologia. Temos, só na Polícia Civil, seis drones voando, temos as câmeras de reconhecimento facial. A diferença dessa operação é o emprego de tecnologia — disse Torres.
O secretário da PM, Luiz Henrique Marinho Pires, afirmou que todos os agentes que participam da operação usam câmeras corporais.
Fonte: O Globo
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